quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Os Registros mais antigos da Língua Portuguesa

Os registros mais antigos de uma língua portuguesa distinta aparecem em documentos administrativos do século IX, mas com muitas frases em latim à mistura.

O mais antigo documento latino-português é chamado de Doação à Igreja de Sozello, encontra-se no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, é datado do ano de 870 d.C. A Notícia de fiadores (1175) é o documento Português mais antigo conhecido, com data.

Recentemente descoberto, o Pacto dos irmãos Pais reivindica o título de texto mais antigo em português, no entanto é apenas datável por conjectura, é provavelmente anterior a 1173.

Outro documento, a Notícia de Torto, sem data, acredita-se que tenha sido escrito entre 1211 e 1216. O Testamento de Afonso II, é datado de 1214.

O vernáculo escrito passou gradualmente para uso geral nos séculos seguintes. Portugal tornou-se um país independente em 1143, com o rei D. Afonso I. A separação política entre Portugal e Galiza e Castela (mais tarde, Espanha) permitiu que os dois países desenvolvessem os seus latins vernáculos em direcções opostas. Em 1290, o rei D. Dinis criava a primeira universidade portuguesa em Lisboa (o Estudo Geral) e decretou que o português, que então era chamado de "Língua vulgar" ou "Latim Vulgar" fosse usado em vez do Latim Clássico e conhecido como "Língua Portuguesa". Em 1296, o português é adotado pela Chancelaria Real. Usado agora não só em poesia, mas também quando escrevendo leis e nos notários.

Até 1350, a língua Galaico-Portuguesa permaneceu apenas como língua nativa da Galiza e Portugal; mas pelo século XIV, o Português tornou-se uma língua madura com uma tradição literária riquíssima, e também foi adoptado por muitos poetas Leoneses, Castelhanos, Aragoneses e Catalães. Durante essa época, a língua na Galiza começou a ser influenciada pelo Castelhano (basicamente o Espanhol moderno) e também se iniciou a introdução do espanhol como única forma de língua culta. Em Portugal a variante centro-meridional iniciou o caminho da modernização da língua tornando-se progressivamente por sua vez a variante de língua culta do País.

Os descobrimentos portugueses

Sagres, no antigo "Promontorium Sacrum" romano -dedicado ao deus Saturno. Símbolo dos descobrimentos portugueses, no século XV era o centro mundial e líder em ciência e tecnologia. (cortesia IPPAR)

Entre os séculos XIV e XVI, com os descobrimentos portugueses, a língua portuguesa espalhou-se por muitas regiões da Ásia, África e América. Pelo século XVI tornou-se uma "Língua Franca" na Ásia e África, usada não só pela administração colonial e comércio, mas também para comunicação entre os oficiais locais e os europeus de todas as nacionalidades. No Ceilão (actual Sri Lanka) vários reis se tornaram falantes de português fluente, e os nobres normalmente adquiriram nomes portugueses. O alastramento da língua foi ajudado por casamentos mistos entre portugueses e as gentes locais (algo muito comum também noutras zonas do mundo), e a sua associação com os esforços missionários católicos que levaram a que a língua fosse chamada de "Cristão" em muitos locais. A língua continuou popular mesmo com várias medidas contra ela levadas a cabo pelos holandeses no Ceilão e Indonésia.

Algumas comunidades cristãs falantes de português na Índia, Sri Lanka, Malásia e Indónesia preservaram as suas línguas mesmo depois de se isolarem de Portugal, e desenvolveram-se pelos séculos em vários crioulos de base portuguesa. Também, muitas palavras portuguesas entraram no léxico de muitas outras línguas, tais como "sepatu" que vem de "sapato" em Indonésio, "keju" que significa "queijo" em Malaio, "meza" (de "mesa") em Swahili além de várias palavras japonesas de origem portuguesa.

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